"Blessed is the Army of the Heavenly King" (detalhe) |
No painel da Galeria Tretyakov, “Abençoado é o Exército do Rei Celeste” (ca.1552), o príncipe Alexandre Nevsky, precedido por S. Miguel Arcanjo, avança à frente do exército a caminho de Jerusalém. A Cidade Celeste encontra-se à esquerda num círculo e das suas muralhas (sob uma tenda tricolor), o Menino ao colo da Virgem distribui coroas para os anjos colocarem na cabeça dos justos. À direita, num círculo mais pequeno, vê-se Babilónia em chamas. Dois círculos e uma procissão de um para o outro. Das figuras miniaturais nenhuma se destaca, nem mesmo a do príncipe (a não ser pela cor da capa), talvez o maior herói da história russa e que foi canonizado em 1547.
Nos ícones, a
perspectiva (já redescoberta no Quattrocento) não joga nenhum papel. O
tamanho das figuras é o indicador da sua importância. O espaço não está
unificado e podem coexistir tempos e lugares diferentes. Mas no “Exército do Rei
Celeste” os heróis não são valorizados na procissão, como se estivessem
submetidos a uma perspectiva longínqua. Percebemos que isso não é uma entorse
aos princípios da pintura icónica, mas que é determinado pela importância dos
círculos de Jerusalém e de Babilónia. O verdadeiro herói é esse colectivo que
se arranca ao sortilégio de Babilónia, a Grande Prostituta.
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