Bar Mitzvah |
“De
acordo com Isaac Orobio de Castro, um professor de filosofia que tinha vivido
na Ibéria durante anos como um judeu encoberto (closet jew), alguns deles
tinham-se tornado ‘indescritíveis ateus’: estavam cheios de vaidade, orgulho e
arrogância, gostavam de exibir os seus conhecimentos ‘contradizendo aquilo que
não podiam compreender’, e sentiam que a sua perícia nas ciências modernas os
punha acima ‘daqueles que de facto são educados nas leis sagradas.”
“The Case for God”
(Karen Armstrong)
A história dos
chamados judeus marranos que, tendo obtido autorização para deixar Portugal
(alguns deles depois de terem fugido de Espanha), tinham emigrado para o norte
da Europa e, sobretudo, para a Holanda, onde deixaram de viver em guetos para
se misturarem aos gentios e se entregarem com sucesso aos negócios, é, para a
autora, o primeiro exemplo dos primeiros ateus no Ocidente.
Este caso demonstra
também a importância do culto na manutenção da tradição religiosa. Os marranos,
em Amsterdam, não deixaram de pensar como judeus, mas o que faziam tinha já perdido todo o carácter litúrgico.
Se o judaísmo sobrevive, possivelmente há quase três mil anos, não o deve tanto ao seu Livro sagrado (que os
marranos emigrados não deixaram de levar consigo), quanto às práticas cultuais
e a um quotidiano infuso do simbolismo bíblico. Sem esquecer que a tradicional segregação
dos judeus nos países europeus, confinados ao gueto, fomentou neles uma maneira
de ser e não uma simples diferença de opinião.
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