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“Os
sistemas complexos são incapazes de apreender completamente a sua complexidade.
Se o viessem a conseguir, seriam efectivamente já bem mais complexos do que o
eram na origem, sendo dado que o sistema conteria além do mais uma descrição da
sua própria complexidade. É por isso que, nos sistemas complexos, todas as
operações são dispostas duma maneira redutora e isto tanto em relação à sua
própria complexidade, como em relação ao seu ambiente. Em todo o caso, a
complexidade constrange à selecção, e isso vale igualmente no caso de
tentativas visando tematizar a própria complexidade. Cada auto-observação e
cada auto-descrição deve, nessa medida, assentar numa auto-simplificação.”
“Politique et
compléxité” (Niklas Luhmann)
A economia dos
economistas é, pois, uma auto-descrição do
sistema necessariamente simplificada e redutora. Porque, além do mais, foram
obrigados a seleccionar em função dum modelo que é a “economia”.
Na falta duma representação
completa do sistema (eles ocupam-se, em princípio, duma especialidade), não é
menos necessária uma “identidade” que possa observar-se e descrever-se.
O especialista da
economia é, assim, um observador implicado na sua selecção. Mas como é difícil
separar os factos económicos da realidade social e política, a especialidade
tende a tornar-se uma teoria geral, ou seja, uma ideologia, que continua tendo
o sentido dum modelo económico. O tudo é político transformou-se, pois, no tudo
é economia.
Luhmann diz outra
coisa: “Quanto mais o equipamento semântico
da auto-descrição é rico, mais o sistema pode fazer depender as suas operações
internas dos acontecimentos exteriores que ele deve tratar como relevando do
acaso (…)”
Ora isto deve ler-se
como uma espécie de adaptação “esquizofrénica” à realidade. Porque se a
faculdade de dar sentido aos acontecimentos e às operações concomitantes
depende da riqueza da descrição, o facto da exterioridade não poder ter um
sentido e uma lógica próprias (decorrentes dum outro sub-sistema ou dum sistema
mais abrangente), mas relevarem sempre do acaso, expõe-nos a grandes desilusões
e a grandes perigos.
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