Derrida, numa
entrevista à revista “Autrement”,
instado a pronunciar-se sobre o problema da dependência da droga, começou por
reconhecer que não era um especialista, mas disse a seguir outra coisa: “Certamente reconhecerá que neste caso
estamos a lidar com algo distinto dum domínio delimitado. Os critérios de
competência, e especialmente de competência profissional, são aqui
problemáticos. No fim de contas, serão justamente estes critérios que nos
veremos obrigados a discutir.”
Um domínio não delimitado
por excelência é o da economia, onde se cruzam as disciplinas mais complexas, a
ponto da economia ou ter de ser uma ciência “total” ou não ser coisa nenhuma.
A competência dos que
falam em nome da economia “restrita” ou baseada em modelos matemáticos, é a dum
químico para falar do problema da droga.
Que os economistas
podem ser os mais serviçais dos ideólogos, prova-o o papel da maioria dos
graduados pelas grandes escolas americanas na justificação da total
desregulação da economia que nos levou ao estado em que nos encontramos. Fora
desse papel, vemo-los, sobretudo, dedicados à prática de profecias do pretérito
ou do televangelismo sobre a desgraça dos outros.
É quase cómico que,
depois, da cegueira que revelaram sobre o colapso do “melhor dos mundos”, façam
ainda pose de competência sobre o futuro, como se a sua “bola de cristal” não estivesse de todo desacreditada.
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