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“O
desejo é a distância tornada sensível”
(Maurice
Blanchot)
Neste espírito, o
desejo não é apenas o que nos falta, não é uma imagem perdida numa das nossas
infâncias (cada idade tem a sua) e que queremos reencontrar, como quem visita o
sótão da família à procura dum velha fotografia. Como o regresso a um lugar que
se tornou imagem, isso é sempre frustrante, porque essa imagem não é a imagem
de nada, é um puro símbolo.
Mas na contenção da
frase, o desejo dir-se-ia a tensão para anular a distância entre nós e a plenitude
do ser. E há momentos que, sobretudo depois da alquimia do esquecimento,
parecem representar essa plenitude. De facto, deles apenas temos uma imagem de
qualquer coisa que se deslocou para o desconhecido e se confunde com uma
aspiração que não saberíamos nomear.
O desejo é uma seta
que não parte, por falta de mundo.
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