quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

PARA ALÉM DOS SÍMBOLOS



“Um homem vive uma profunda eternidade que se fecha
sobre ele, mas onde o corpo
arde para além de qualquer símbolo, sem alma e puro
como  um sacrifício antigo.”

“A colher na boca” (Herberto Helder)


Só as almas são puras ou impuras. O corpo, esse, nem é templo cristão, nem a carne dos nossos vícios. Tal como os animais são puros porque, como diria Álvaro de Campos, sentem apenas e podem pertencer, mas não se pertencem.

O que julgamos ser o mais íntimo e mais pessoal de nós mesmos, ou uma simples cápsula nesta viagem da existência, arde, diz o poeta, “para além dos símbolos”.

São os símbolos que nos permitem reivindicar o corpo com que nascemos, mas os símbolos não são a realidade. Sabemos ao menos o que é essa “eternidade que se fecha” (e que podemos pensar que nos expulsa)?

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