“Um
homem vive uma profunda eternidade que se fecha
sobre
ele, mas onde o corpo
arde
para além de qualquer símbolo, sem alma e puro
como um sacrifício antigo.”
“A colher na
boca” (Herberto Helder)
Só as almas são puras
ou impuras. O corpo, esse, nem é templo cristão, nem a carne dos nossos vícios.
Tal como os animais são puros porque, como diria Álvaro de Campos, sentem
apenas e podem pertencer, mas não se pertencem.
O que julgamos ser o
mais íntimo e mais pessoal de nós mesmos, ou uma simples cápsula nesta viagem
da existência, arde, diz o poeta, “para além dos símbolos”.
São os símbolos que
nos permitem reivindicar o corpo com que nascemos, mas os símbolos não são a
realidade. Sabemos ao menos o que é essa “eternidade que se fecha” (e que
podemos pensar que nos expulsa)?
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