terça-feira, 11 de maio de 2010

RISO CONDICIONADO


Alice e a rainha de Copas


"Quando, durante uma festa na corte, a rainha acabou de contar uma história e todos os cortesãos se puseram a rir, inclusive um ministro surdo, este levantou-se, pediu que lhe fosse concedido o favor de poder também contar uma história, e contou a mesma."

"A Repetição" (Soren Kierkegaard)


Pela mesma razão ( a lisonja ) que levou os cortesãos a rirem-se com a anedota da rainha, estavam obrigados a rirem-se uma segunda vez, mas para além de terem de fazer entender nesse riso que o ministro não tinha tanta graça como a soberana, deviam ainda reprimir a vontade genuína de se rirem causada pela repetição. A não ser que a rainha fosse a primeira a dar o exemplo de desprezo pelo seu ministro.

Mas seria, de facto, uma repetição? Se pensarmos que a versão da rainha não podia influenciar a segunda versão, porque o ministro era surdo, então era mais repetição do que se ele a pudesse ter ouvido e tivesse, ao mesmo tempo, pretendido ser original.

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