Hugo Grotius (1583/1645)
"Nem Deus pode fazer com que dois e dois não dêem quatro."
(Grotius)
Ou seja, Deus não pode tudo. Deus não pode desdizer-se. Mesmo se a aritmética fosse apenas uma aplicação do cérebro e outros seres inteligentes no universo não precisassem de racionalizar para se moverem no espaço, o "Criador" estaria obrigado a uma lei, a uma coerência consigo próprio.
Este limite da Omnipotência não é muito diferente do que impedia Zeus, por exemplo, de ignorar a Anankê, a personificação do destino, e o limite fixado pelos Antigos ao oceano (o nec plus ultra).
Esta contradição vem de se atribuir a Deus uma qualidade política (mas onde acabará a antropomorfização?), a do poder. Todos os senhores da terra, do presente e do passado, conhecem o jugo que é a contrapartida desse poder sobre os seus súbditos.
Por isso não faz sentido dizer que Deus não pode ir contra a matemática. Nem sequer sabemos se o universo pode ser compreendido, através da ciência dos números ou doutra ciência qualquer. O que temos são espantosos resultados práticos.
Mas aqui não funciona a ideia de Engels de que a melhor prova da existência do pudim é comê-lo.
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