quarta-feira, 26 de maio de 2010

DISPERSÃO




"In multa defluximus."

Santo Agostinho


Dispersamo-nos por muitas coisas. Ninguém tem tempo para nada. Ou são os filhos, ou é o emprego, ou é a vida de "inactivo", seja o que for que acelera o filme da nossa existência por falta de intervalos para fazer uma coisa que, no cinema, nos subtrai ao papel de espectadores e, na vida, ao de "sprinters" para a morte.

E que quer Agostinho com o seu eu "continente", todo num ponto de consciência e de verdade diante do seu Deus? Salvar-se, claro. Mas o que é que isso pode significar, hoje, para os que se dispersam e fogem da "continentia" como o "diabo da cruz"?

Há um sentido moderno, técnico, para a salvação. Vem do inglês save (de guardar no disco ou noutro suporte qualquer). E o que não se salva (grava), perde-se para sempre, ou tem de se repetir tudo. Trabalho perdido, vida perdida. Haverá aqui uma metáfora, à medida do nosso ser sem transcendência?

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