segunda-feira, 10 de maio de 2010

AS ÁRVORES DA LIBERDADE




"Na manhã de 25 de Fevereiro de 1848, soube-se em Chavignolles, por um indivíduo proveniente de Falaise, que Paris estava coberto de barricadas – e, no dia seguinte, a proclamação da República foi afixada na câmara municipal. Este grande acontecimento deixou os burgueses estupefactos."

"Bouvard et Pécuchet" (Gustave Flaubert)


Flaubert diz a seguir que os mesmos burgueses puderam descerrar o peito e aderir cordialmente ao movimento, quando as principais autoridades, desde o tribunal à universidade, deram a sua adesão ao Governo Provisório e, tal como em Paris, o conselho municipal de Chavignolles mandou plantar as "árvores da liberdade".

Esta fisiologia linfática atribuída ao burguês estava de acordo com as ideias da época. Esse burguês é indistinguível da ordem instituída, é ela que o faz prosperar e todos os estremeções que essa ordem possa sofrer são literalmente "viscerais". Mas se a nova ordem se limita a plantar árvores da liberdade, por que não soltar um libérrimo viva do peito desoprimido?



0 comentários: