terça-feira, 24 de novembro de 2009

OÁSIS



"Michel de Certeau fala justamente da violência como uma doença da linguagem, que transforma o texto em mercadoria e mero sintoma num sistema controlado de trocas. O texto é destituído de qualquer potencial transformador, e como, alojado num horizonte de insignificância, já nada diz, deixa assim todo o campo livre e legitimado para a afirmação prepotente e agastada dos vários poderes."

"A Leitura Infinita" (José Tolentino Mendonça)


Uma violência da leitura, decerto, que acompanha sempre a fixação de um sentido.

A ideia de texto é, assim, até à data, a última utopia. E, como tal, é indestrutível, porque não corre o perigo de se tornar um lugar físico. O perigo é, na verdade, a letra que fecha.

No caso da Bíblia, essa utopia favorece, evidentemente, uma certa dessacralização necessária à livre frequentação dos seus oásis.


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