terça-feira, 3 de novembro de 2009

ILUSÕES POLÍTICAS


Mark Twain (1835/1910)


"Se os problemas sociais simplesmente estão fora do controle das pessoas normais, falar não ajuda a resolvê-los e parece queixa apenas, como quando nos queixamos do tempo, tal como na piada de Mark Twain: 'Toda a gente se queixa do tempo, mas ninguém faz nada!', 'Eu não deixo que isso me apoquente!' e 'É uma vergonha!' Eu ouvi este refrão usado para descrever o trabalho depreciado e mal pago, a Guerra do Golfo, o racismo e o caos do crescimento urbano. E o refrão acabava a conversação. A melhor abordagem para esses problemas inevitáveis era o silêncio."


"Avoiding Politics" (Nina Eliasoph)



No que diz respeito à política, parece que do outro lado do Atlântico há menos ilusões… ou então é o "sistema" que, para empregar a expressão de Kant, levou a sua astúcia ao ponto de fazer crer à mais antiga democracia dos tempos modernos que é melhor ser governada como uma aristocracia (de técnicos e especialistas).

A situação da ciência fala por si: já desde há muito que o pequeno escravo do "Menon" (que Sócrates chamou para demonstrar que qualquer um compreendia a geometria) deixou de poder compreendê-la.

Embora, na política, a complexidade seja de outra natureza e não exista sobre ela um verdadeiro saber e, quando muito, uma "arte", a questão que se coloca é se os políticos, enquanto tal, estão mais a par dos "factos" do que o vulgar cidadão. Se não, apenas substituímos uma incompetência por outra, mas em benefício da ordem.

O que sucede, aliás, com as eleições. Como método de decisão sobre os "problemas sociais" são mais ou menos absurdas. Mas como função da ordem e da segurança e para encontrar o mais vasto consenso possível são simplesmente insubstituíveis.

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