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"É que a ordem das coisas nos faz sábios, enquanto que a ordem humana nos faz tolos. Nada se obtém das coisas pela eloquência; é preciso cavar, é preciso limar. O trabalhador do aterro regula-se pelo calhau e o marceneiro pela madeira, donde esta prudência dos ofícios. Pelo contrário, o comércio é regido pela eloquência, porque o comprador é sensível à eloquência. A multidão vai para as luzes como as borboletas e, como elas, ali se queima, porque somos nós que pagamos estas lâmpadas, estes cartazes, estas montras."
"Propos d'Économique" (Alain)
Este bom senso que julga a economia estará, por acaso, ultrapassado? Não se perdeu ainda mais, a relação entre o trabalho e o lucro?
As coisas com que trabalhamos são já, em grande parte, produzidas por máquinas que, embora continuem a ser "insensíveis à eloquência", fazem decerto um homem mais supersticioso (no sentido em que não conhece o princípio desses instrumentos senão como "utilizador") e mais crédulo do que o operário de Marx. O utilizador está muito mais próximo do camponês que lança as sementes à terra e se regula pelas estações, mas que não tem a mínima ideia do que se passa debaixo da terra.
A preponderância dos serviços e deste tipo de trabalhador-utilizador faz com que o espírito do comércio (do burguês, diria Alain) reine na economia. Dai a ruína adiada que faz a fortuna dos Madoff.
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