sexta-feira, 27 de novembro de 2009

A LÓGICA DE GAUDÍ


A Igreja da Sagrada Família (Gaudí)


"O Parque Güell, com as suas colunas naturalistas e o seu "teatro grego" em que o cimento foi empregado como material nobre, sugere-nos o que se disse de Gaudí em 1926 – que a sua arte era uma grande lógica. Também nessa época se notou na obra do arquitecto catalão uma influência de Claudel. Perante a Igreja da Santa Família, inacabada, e alguns edifícios de Barcelona, e também estes pavilhões e azulejos do Parque Güell, pensamos, com uma certa reserva, se se tratará de lógica na obra de Gaudí, ou se, mais exactamente, não será a exploração da lógica, a procura e desesperação da mesma, mas não o sentimento da lógica. Em Gaudí não há sentimento. É um homem que está à beira duma época petrificada, e que é invadido pelo pânico."

"Embaixada a Calígula" (Agustina Bessa-Luís)


Num artista, a lógica devia ser o menos importante. Nem mesmo uma "grande lógica" (grande porque não sabe ainda quais são os seus limites?) poderia iludir a necessidade de um fundamento "natural".

O maneirismo de Gaudí podia ser menos do que um estilo, se fosse a simples aplicação dum coeficiente de distorção das formas. Agustina é mais justa do que isso, ao falar de um sentimento da lógica que faltaria a Gaudí. Porque a lógica há-de ser sempre o túmulo da criação, mas a obra de Gaudí, na sua anomalia, não pode deixar de apontar para um fim pressentido.

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