"Se a física nos conduz hoje a um mundo que é essencialmente místico, ela regressa, num certo sentido, ao seu começo, 2500 anos atrás. É interessante seguir a evolução da ciência ocidental ao longo do seu caminho em espiral, principiando pelas filosofias místicas dos primeiros Gregos, erguendo-se e desdobrando-se num impressionante desenvolvimento do pensamento intelectual que se afastou cada vez mais das suas origens místicas para desenvolver uma visão do mundo que se encontra em agudo contraste com a do Extremo Oriente. Nos estádios mais recentes, a ciência ocidental está finalmente a superar esta visão e a voltar à dos antigos Gregos e das filosofias orientais."
"The Tao of Physics" (Fritjof Capra)
Suponho que este pensamento de um regresso da ciência ocidental às suas origens continua a ser polémico, vinte anos depois da publicação do livro de Capra.
Ainda hoje se considera que a ciência vai numa direcção oposta à da metafísica, numa perspectiva imanentista, e o materialismo, dialéctico ou não, não se sente beliscado pelos paradoxos quânticos ou pelas profissões de fé de eminentes cientistas que não estão longe do deísmo ou do panteísmo.
A ideia da espiral para imaginarmos a volta de 180º da ciência parece-me feliz. Porque se para os Gregos a filosofia começava com o espanto (Thauma), é a qualquer coisa de parecido com esse sentimento que nos leva o pensamento da complexidade da chamada matéria e da transcendência do universo.
Mas ao voltar, sob outra forma, ao espírito religioso, a ciência não poderia já reclamar-se de um verdadeiro conhecimento…
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