"Mas por que é que a política, que decide do destino dos povos e tem por objecto a justiça, exigiria uma atenção menor do que a arte e a ciência, que têm por objecto o belo e o verdadeiro?"
"L'Enracinement" (Simone Weil)
A política como arte tem uma estreita afinidade, segundo Simone, com a composição simultânea em vários planos que é a "lei da criação artística e que constitui a sua dificuldade".
É claro que a atenção exigida pela "coordenação de todos os planos" não pode ser o critério para se julgar a política, pois, ao contrário do artista, que pode controlar os resultados da sua acção dobre os materiais ou os signos de que se serve, sejam eles o mármore, as cores ou as notas musicais, o político tem de renunciar a esse controle porque se encontra num espaço aberto ao mundo e à interacção humana.Se a atenção em relação aos fins últimos da política não é, de modo nenhum indiferente, não pode constituir o fundamento ético da acção. Nem seria preciso lembrar que "de boas intenções, está o inferno cheio."
Na política, precisaríamos da imagem que nos é fornecida pelo paganismo em que os deuses intrigam, uns contra os outros, com a humanidade a "pagar as favas".
0 comentários:
Enviar um comentário