"Não há dúvida que os encantos de uma pessoa suscitam menos frequentemente amor do que um comentário como: 'Não, esta noite não estou livre.'"
Marcel Proust (citado por Alain de Botton)
Este amor-desejo parece estar ligado à angústia que todos experimentamos quando nos sentimos desamparados, a um nível mais profundo do que o social. É como se o amor destituísse a monarquia do ego do seu significado e de toda a sua segurança.
O pequeno Marcel não conseguia adormecer sem o viático do beijo maternal. Pelo romance fora, ele procurará, sem êxito, transferir o poder desse talismã para outra pessoa.
Por isso, a personalidade de Albertine é menos importante do que o lugar que ocupa junto do narrador: o de abençoar e proteger a sua paradoxal independência. O objectivo de todos os seus esforços é encontrar o amor incondicional para sempre perdido, perante o qual a própria clausura da amiga deixaria de ser "egoísta".
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