sexta-feira, 27 de agosto de 2010

PASSIVIDADE


Cubículo da Cena Erótica (Piazza Armerina)


"Acusavam um liberto de ter sido complacente com o seu patrão. O seu advogado respondeu:'Num homem nascido livre, a passividade (impudicitia) seria um crime; num escravo, um dever absoluto, num liberto, é um dever moral.'"

"L'élégie érotique romaine" (Paul Veyne)


Esta passagem é uma pérola sobre a ausência do corpo, tal como o entendemos, na antiguidade clássica.

Apesar de conhecerem todos os prazeres e todos os excessos, vemos aqui em acção uma ideologia cuja força é não chamar a atenção sobre si própria que atribui plena jurisdição sobre o corpo à política e à moral.

Nesse contexto, uma posição tem menos a ver com o Kama Sutra do que com o Código Penal. Sade é o herdeiro directo desta tradição, e a sua maquinaria destruiu o amor idealizado por Rousseau.

0 comentários: