John Maynard Keynes (1883/1946)
"Desde há algum tempo, pode além disso observar-se um singular fenómeno de auto-referência. Interrogamo-nos sobre o significado que pode ter para um sistema a introdução de uma teoria deste sistema no sistema e o facto desta se tornar a base para uma acção prática no seu seio. Deverá isso então dar lugar a uma nova teoria susceptível de descrever um sistema que se funda sobre uma antiga teoria e que nessa medida desacredita tal teoria?"
"Politique et complexité" (Niklas Luhmann)
Luhmann dá o exemplo duma economia regulada pelas ideias keynesianas, que se prepara para "perspectivas de inflação contínua nessa base". Quer dizer, o facto de não ser apenas uma nova descrição do sistema, mas também uma prática macro-económica, implica a desactualização duma teoria anterior com sucesso até então. Foi o que aconteceu, nos anos oitenta, com o monetarismo cuja prática trouxe o descrédito às concepções de Keynes, até o momento em que, pelos excessos do liberalismo, criou, de facto, as condições para um regresso a Keynes.
Com isso, foram as duas teorias que ficaram desacreditadas enquanto descrições fiáveis do sistema, e a distinção entre o político e o económico que se tornou ainda mais difícil de deslindar.
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