René Descartes
"No que toca à violação de estranhos, a dominância relativa entre pares torna-se um problema, especialmente na violação em gangue. Um anónimo violador de estranhos descreveu a sinergia de ter um parceiro predador: 'Ter um parceiro é como ter alguma coisa para beber. Senti-me mais valente. Senti-me mais forte. Isso deu-me coragem para fazer algo que poderia não fazer sozinho.' (citado em 'Men Who Rape: The Psychology of the Offender', N. Groth). Mas com o empossamento da camaradagem vem a pressão hierárquica da competição entre pares. Os homens que participam na violação em gangue são espicaçados para agir de forma mais drástica do que se estivessem sozinhos."
"Detecting a Common Interpretative Framework for Impersonal Violence" (Kathryn M. Olson)
Estar no lugar errado, no tempo errado, como se diz, é quanto basta para atrair a tempestade humana. Grandes pressões oriundas de causas psicológicas ou sociais provocam o raio que se abaterá sobre a vítima no descampado. O alvo não é uma pessoa, com uma história e uma densidade humana, mas a imagem que acciona o gatilho da pulsão violenta. Tal como no filme de Bergman, "Da vida das marionetas", o acto compulsivo desencadeia-se ao nível quase "enzimático" em resultado do detalhe verdadeiramente diabólico (que atravessa), quer ele assuma a forma eidética ou a de um outro sentido específico.
A vulnerabilidade do indivíduo à influência do grupo é um tema recorrente da moral desde Platão, que não está longe de a considerar como a origem de todo o mal, o que é uma consequência da sua teoria da alma.
É fácil comparar a violência humana e a pressão exercida pelo grupo ao mecânico e aos fenómenos da física. É porque o espírito não está ali. E um corte cartesiano entre a força e o espírito é a melhor higiene mental possível.
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