"O pecado mora ao lado" (Billy Wilder)
“Censura, mãe das metáforas”, diz Borges.
Todos experimentamos, na primeira ideia que vem à cabeça, a facilidade e o lugar-comum. Temos a seguir que filtrar, voltar à ideia que entretanto envelheceu e que já não podemos ver da mesma maneira.
Esse poder está pois, dentro de nós, sem lápis azul, mas mais eficaz ainda, porque nada lhe escapa.
A metáfora é, assim, uma espécie de contrabando que recorre à astúcia de Proteu para atravessar uma fronteira política, moral ou estética. Supõe que uma regra seja infringida em nome dum princípio superior.
Quando as crianças são educadas segundo o espírito não-directivo (em voga nos finais dos anos sessenta) não podem adquirir a noção de lei e com isso conhecem apenas uma caricatura da liberdade, em que vigora um culto supersticioso do espontâneo, que redunda no mais completo conformismo.
Sem o código Hayes veríamos as pernas de Marilyn Monroe, mas não o obscuro objecto do desejo sobre a grade do metro.
Se a lei é essa, quais são as formas da moderna censura que actualmente viverá, sem dúvida, o período da sua boa-consciência, até se juntar no caixote do lixo da história ao código Hayes?
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