terça-feira, 10 de agosto de 2010

HEMISFÉRIOS


Safed (1908)


"As tradições da textualidade, do respeito das santas escrituras, da memorização e do comentário no coração do judaísmo depois da destruição do Segundo Templo estão largamente erodidas. Perduram na ortodoxia e os seus Yechivot (1), assim como nos confins do conservadorismo. Safed (2) é um lugar isolado. O "povo do Livro", nos nossos dias, é sem contestação o Islão. A ausência geral de cultura profana, de ensino superior e de sistemas de valores científicos e técnicos dão aí ao Corão uma centralidade, um poder na vida quotidiana, um monopólio referencial quase obsoleto no judaísmo do fim do século XX."

"Les Logocrates" (George Steiner)

(1) centros de estudo da Tora e do Talmude; (2) uma das 4 cidades santas do judaísmo.


O mundo caminha a várias velocidades e um dia o islamismo encontrar-se-á na situação de julgar o seu livro sagrado como um referência entre outras?


Steiner diz que oitenta anos depois da invenção de Gutenberg, ainda se faziam manuscritos. A era electrónica não tem essa idade. Não sabemos de que modo a sorte dos livros será traçada, mas sabemos que a expressão "povo do livro" já não se aplica a ninguém no Ocidente, porque os intérpretes e a classe sacerdotal de há muito perderam a sua influência, graças ao acesso directo aos textos.

O espírito crítico não é tão universal como pensamos e a diferença de velocidades é mais uma complementaridade desconhecida, qualquer coisa como a dos hemisférios do nosso cérebro?


1 comentários:

Anónimo disse...

Todos os argumentos do islao são inválidos.
No inicio maomé já queria o poder todo, como enganar, roubar e assassinar pessoas inocentes e indefesas, e nem corão tinha ou pedia.
Os argumentos e o corão foram construídos à posteriori de modo a justificarem os vários banditismo maometanos.