domingo, 14 de junho de 2009

O SEQUESTRO DA EXPERIÊNCIA


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"Para aceitar este grau de conexão, temos de admitir que a electrónica é a pedra de toque do nosso contacto com o mundo e do interesse que lhe atribuímos. Ora, como já disse, é exactamente isso que exige a nossa capacidade de gerir a vida quotidiana. Mas há um preço a pagar. Se quisermos realmente compreender a natureza e as implicações das estruturas mediáticas, temos de arranjar forma de nos mantermos de fora. É muito difícil fazê-lo, mas essencial. Neste contexto, os media são para nós como uma língua natural e, tal como observou George Steiner, podemos tão pouco sair dela como um homem desembaraçar-se da sua sombra."

"A Mediatização da Catástrofe: o 11 de Setembro e a Crise do Outro" (Roger Silverstone)


Não podemos saltar sobre a nossa sombra e os media enformam a nossa maneira de ver o mundo. É pouco dizer que mesmo as imagens mais chocantes não são uma experiência directa e que para lá dum certo envolvimento nos encontramos "anestesiados"-

O autor cita o conceito de "sequestro da experiência" (Anthony Giddens) que explica como sendo os fenómenos visíveis, sem margem para dúvidas, "já não parecem desempenhar um papel decisivo na nossa vida nem na dos outros."

De facto, no mundo global da comunicação, não temos qualquer outra possibilidade de relacionamento com o que é estranho e distante. Apenas graças à conversão desses "antípodas" nas formas mediatizadas do mundo e da humanidade é que podemos dizer que "nada do que é humano nos é estranho."

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