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"A eficiência deste tipo de propaganda demonstra uma das principais características das massas modernas. Elas não acreditam em nada visível, na realidade da sua própria experiência; não confiam nos seus olhos e ouvidos mas só na sua imaginação, que pode ser estimulada por qualquer coisa ao mesmo tempo universal e consistente em si mesma. O que convence as massas não são factos; nem mesmo factos inventados, mas apenas a consistência do sistema de que presumivelmente fazem parte. A repetição, algo sobrestimada por causa da crença comum na inferior capacidade das massas de apreender e recordar, é importante somente porque as convence da consistência com o tempo."
"Totalitarianism" (Hannah Arendt)
Ao não serem facilmente convencidas pelos factos, as massas modernas fazem prova de alguma sofisticação , chamemos-lhe assim, porque é verdade que o que conta, em política, é a interpretação dos factos e não o acontecimento em si.
Por outro lado, se não parecem crédulas quanto à aparência, vemo-las precipitarem-se na primeira explicação plausível que revelaria a "verdade" por detrás da aparência. Parece assim que a credulidade foi substituída por um preconceito não menos enganador, o de que não se deve tomar as coisas pelo seu valor facial e que é preciso procurar a causa secreta do que aparece. Porém, na falta de um critério objectivo, essa inquirição aproxima-se muito da misantropia e, por exemplo, na economia, a chave de leitura tende a ser a ganância e em política a ambição e o interesse pessoal.
A transformação do judeu no inimigo interno, pelos nazis, era apoiada num preconceito ancestral, mas tornou-se numa realidade política e social apenas com a repetição da propaganda que levou a imaginação das massas à paranoia.
Suponho, contudo, que seria de esperar, perante o resultado da sua "epistemologia", um regresso das massas à credulidade natural e a aceitarem as provas testemunhas pelos seus olhos e ouvidos.
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