quarta-feira, 25 de março de 2009

O MUNDO REAL


Protágoras (480 a.C. /410 a.C.)


"(...) no domínio dos números inteiros um e um podem permanecer lado a lado durante a perpetuidade dos tempos, nunca serão dois se alguma vez uma inteligência não operar o acto de os somar. Só a inteligência activa tem a virtude de operar as conexões, e desde que a atenção se distenda as conexões dissolvem-se. Sem dúvida existem em nós numerosas conexões ligadas à memória, à sensibilidade, à imaginação, ao hábito, à crença, mas não encerram a necessidade. As conexões necessárias, que constituem a própria realidade do mundo, só têm elas mesmas realidade como objecto da atenção intelectual em acto."

"Commentaires de textes pythagoriciens" (Simone Weil)


Nem a soma, nem as unidades se sustentam sem a inteligência. E as conexões necessárias que se "dissolvem" quando deixamos de pensar nelas pertencem à matemática e não ao mundo "físico".

Mas nem por isso deixaríamos de nos ferir de encontro a um obstáculo por não pensarmos nele. A realidade do mundo, no entanto, não se deveria confundir com a necessidade que se pode experimentar no corpo sujeito às forças do universo.

Fará sentido falar num mundo real senão contra a ideia de um sujeito que perdeu o contacto com o mundo dos outros?

A expressão pitagórica "tudo é número" vale essa outra que diz que o homem é a medida de todas as coisas (Protágoras).

0 comentários: