sexta-feira, 6 de março de 2009

O FLAUTISTA DE HAMELIN




"(...) o objectivo duma 'comunidade nacional' que superasse as divisões de classe parecia altamente positivo. Que a noção de 'comunidade nacional' ganhasse a sua definição através daqueles que eram dela excluídos, e que a harmonia social deveria ser estabelecida por meio da pureza e integridade raciais, era dado como adquirido, mesmo se não fosse explicitamente louvado. Tornar-se-ia claro, uma vez que se estabeleceu o Terceiro Reich, que as políticas discriminatórias dirigidas contra os grupos a ser excluídos eram mais fáceis de alcançar do que a realidade duma harmoniosa 'comunidade nacional'"

"Hubris" (Ian Kershaw)


As divisões dentro do próprio partido nazi só foram dominadas pelo princípio da obediência incondicional ao Führer e depois deste ter decapitado alguns companheiros de armas que lhe disputavam o poder absoluto.

O racismo pôde forjar, antes da guerra, uma harmonia artificial pela exclusão dos judeus. Mas a natureza do regime ganhou outros contornos quando a guerra tornou a harmonia dispensável por já não haver sociedade.

É esse carácter anti-funcional da exterminação dos judeus, que não se subordinava, de modo nenhum, às necessidades militares que melhor revela a loucura milenarista de Hitler.

Ele receava ter um cancro e não dispor de muito tempo para "purificar" a terra. Talvez se sentisse uma espécie de "Flautista de Hamelin". Só se livrasse o mundo da "peste", valeria a pena que a Alemanha renascesse das cinzas.

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