Max Planck (1858/1947)
"É o papel diferente da álgebra que faz o abismo separando a ciência do século XX da dos séculos anteriores.(...) as relações entre noções não são reflectidas por inteiro nas relações entre letras; nomeadamente afirmações incompatíveis podem ter por equivalentes equações que o não são de modo algum. Quando depois de se terem traduzido as relações entre noções em álgebra, se manipulam as fórmulas tendo apenas em conta os dados da experiência e as leis próprias da álgebra, podem obter-se resultados que, uma vez de novo traduzidos em linguagem falada, chocam violentamente com o senso comum."
"À propos de la théorie des quanta" (Simone Weil)
Claro que o senso comum aqui não deve ser entendido como o que invocamos a propósito da teoria de que é o sol que anda à volta da terra.
Simone Weil, neste artigo, põe em causa a teoria da relatividade restrita e, sobretudo, a teoria dos quanta, debruçando-se sobre uma obra de Max Planck "Initiations à la physique".
A chamada comunidade científica verá nesta arremetida, para além dum incomensurável orgulho intelectual, um equívoco comparável aos do "cavaleiro da triste figura".
Reputações estabelecidas como as de Albert Einstein e Max Planck são de tal modo impressionantes que a possibilidade da velocidade da luz não ser de facto constante em todas as direcções ou a de se retomar a noção tradicional de energia como derivada do trabalho em vez duma definição destituída de sentido (nas palavras de Weil) será por certo remetida para as calendas gregas.
O próprio Planck explica como esta situação se pode perpetuar quase indefinidamente, ao dizer que as grandes ideias científicas não vingaram por terem convencido os seus adversários, mas porque estes entretanto morreram e "a geração ascendente se aclimatou".
É óbvio, sendo assim, que só uma filosofia audaz desafiando o espírito de casta dos meios especializados pode alterar o estado de coisas.
No caso da álgebra, que é uma espécie de máquina mental que nos evita termos de pensar em todas os passos dum dado processo, pergunto-me se, com a cultura do computador e da máquina de calcular, será viável outro método para chegar à verdade que não o sucesso.
Os paradoxos e as contradições estão lá certamente, mas só serão conhecidos se for preciso...
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