"The Reader" (2008-Stephen Daldry)
Hanna Schmitz (Kate Winslet) foi guarda prisional durante o regime nazi. É acusada de ter deixado morrer queimadas algumas mulheres dentro duma igreja. Quando justifica esse acto perante o tribunal, dizendo que se abrisse a porta, as prisioneiras poderiam fugir e teria perdido o controle da situação, manifesta todas as qualidades duma alma funcionária e incompreensão pela culpa que lhe é atribuída. Devolvendo a pergunta ao juiz (não deveria ter aceite o lugar na Siemens, ou o que teria feito ele na sua situação?), encontra o embaraço e a má consciência.
Este drama é introduzido por uma história de sedução que recicla o passado de Hanna e o seu estranho complexo de inferioridade. Ela repete com Michael (David Kross), um estudante de quinze anos, o que fazia com as presas mais jovens que, por causa disso, protegia. Ele lê para ela, antes de fazerem amor.
Não sabemos se Hanna considera esse preâmbulo intelectual como uma espécie de compensação moral da orgia para que o jovem a arrasta. E não nos é explicado por que prefere a prisão perpétua a confessar que não sabe ler e que, portanto, não poderia ter escrito o relatório que a incriminava.
No regime desumano em que teve de viver, Hanna sentia que a leitura era (como em "Fahrenheit 453") um culto que mantinha uma ligação redentora com a memória dos homens.
A sua maneira de se reconhecer culpada foi a de se considerar sempre na prisão, mesmo quando picava o bilhete dos passageiros nos eléctricos da cidade. Consequentemente, no dia em que Michael (nesta idade, um excelente Ralph Fiennes) devia tirá-la da prisão para uma vida normal, Hanna suicida-se na sua cela subindo a um monte de livros.
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