quinta-feira, 12 de março de 2009

O FIM DA CRÍTICA?



"Embora o Iluminismo, concede, se reivindique da validade na sua tentativa original de racionalizar e clarificar as condições sociais, fracassa irremediavelmente porque associa a racionalização e a clarificação com uma operação específica de seres humanos individuais, concebidos como agentes sociais atomizados e moralmente investidos, todos os quais estão na posse de idênticas faculdades intelectuais."

"Niklas Luhmann's Theory of Politics and Law" (Michael King and Chris Thornhill)


A tónica na essência do ser humano como indivíduo dotado de razão é a primeira condição da Crítica, do espírito que nega todo o argumento de autoridade e o que se lhe quer apresentar como verdade. Equivale a uma ruptura com o estado teológico (Comte), no qual o indivíduo é uma realidade ilusória que só se compreende através da ideia de Deus.

A tentativa de explicar o indivíduo pelas condições sociais da comunicação embrenha-se em idênticas dificuldades. Luhmann está mais perto do estruturalismo do Marx da maturidade do que parece, e ambos desembocam no fim da Crítica.

Para Luhmann, os sistemas funcionam independentemente do que pensam os indivíduos e da cultura particular em que se integram. No determinismo histórico do autor de "Das Kapital", quanto mais desesperada a situação, mais próxima de se cumprir a profecia, pelo que todas as Revoluções até à data foram outras tantas manifestações da impaciência dos homens.

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