"Uma pausa no começo, para permitir a tensão crescer; a partida numa nota baixa, algo hesitante; ondulações e variações de dicção, não certamente melodiosas, mas vívidas e altamente expressivas; um quase staccato de frases em rajada, seguidas de um rallentando no tempo certo para expor a ênfase dum ponto-chave; um uso teatral das mãos à medida que o discurso sobe em crescendo; um espírito sarcástico dirigido aos opositores: eram tudo aparelhos criados para maximizar o efeito. (...) Os que entravam em contacto com Hitler, conservando alguma distância crítica em relação a ele, estavam convencidos de que a maior parte do tempo representava."
"Hubris" (Ian Kershaw)
Que homem estava então por detrás da máscara?
Sabemos que se "era acima de tudo um consumado actor", a representação era um meio para um fim.
Hitler explorava um talento natural ao serviço da "sua missão".
Os laços que estabelecia com as massas ou com a entourage valiam tanto como os tratados em que punha a sua assinatura.
Era amoral, uma não-pessoa nas relações com os outros. Mas tinha uma ética (e não apenas uma lógica) que era a sua visão do futuro. E temos de admitir que essa visão correspondesse para ele a uma espécie disforme de altruísmo.
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