Salão de leitura da Biblioteca do Congresso (EUA)
"Isto conduz-me à diferença mais importante entre a minha abordagem e a de Colingwood. Para este, como para quase todos os filósofos, o conhecimento consiste essencialmente nas experiências vividas do sujeito conhecedor. E tal, como é óbvio, verifica-se com o conhecimento histórico. Para mim, o conhecimento consiste sobretudo nos artefactos exossomáticos, ou produtos, ou instituições. (É o seu carácter exossomático que os torna racionalmente criticáveis). Existe conhecimento sem um sujeito cognoscente - o conhecimento, por exemplo, que se encontra armazenado nas nossas bibliotecas. Pode assim haver aumento do conhecimento sem qualquer crescimento da consciência do conhecedor."
"Uma abordagem pluralista à filosofia da História" (Karl Popper)
É verdade que sem os monumentos teríamos sempre de recomeçar de novo e que sem os artefactos a que se refere Popper a crítica não teria sequer objecto. Mas imagino o que seria uma cidade cheia de vestígios do passado e com toda a memória da ciência e das artes tecnicamente disponível e sem um espírito para fazer disso uma opção de vida.
O conhecimento objectivo, é certo, cresce independentemente da nossa capacidade individual de o dominar e da possibilidade até de se tornar consciência. Dum modo apenas figurado, parece estar acessível à espécie e não já ao indivíduo.
É, aliás, essa separação que nos permite, cada vez mais, ter já pontos de vista fora da humanidade e especular sobre o universo que nunca poderá ser objecto de experiência.
É claro também que esta situação agrava os perigos da especialização e do "espírito de superioridade" (acima de qualquer crítica vinda dum "leigo").
O humanismo pode não ser apenas uma ilusão do passado, quando a medida deixa de ser determinada pelo que convém ao homem. De qualquer modo, parece ser um princípio de sanidade intelectual diferenciar a máquina, por mais próxima que esteja do clone humano, dum valor que não pode ser técnico.
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