quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

O ACTOR PARADOXAL


O massacre de São Bartolomeu (1572)


"Na época das guerras civis político-religiosas dos séculos XVI e XVII, as motivações políticas e religiosas, mesmo se elas se deixam sem dúvida distinguir a posteriori, estão ainda inextricavelmente misturadas: no seu próprio campo, a religião é percebida como a finalidade, enquanto que o campo inimigo apenas vê nisso um pretexto, e inversamente."

"Politique et complexité" (Niklas Luhmann)


Por muito relacionadas que estejam as coisas em política, não podemos prescindir dum modelo espacial com um dentro e um fora, o interior e o exterior subdividindo-se à medida que os vários sistemas se diferenciam.

Assim se pode compreender como "os fins e os pretextos" se trocam quando saltamos de um campo para outro.

O lugar do indivíduo que observa, de fora, os dois campos inimigos será então tão utópico como o lugar do jornalismo "objectivo", ou está aí a raiz do elemento crítico que, na altura própria, forçará a mudança de paradigma? Temos de acreditar nisso, se quisermos explicar, por exemplo, o progresso científico.

Mas, graças à ubiquidade dos meios de comunicação modernos, quantos "observadores" abdicam da sua posição crítica para jogarem o papel de actores virtuais, pensando como se estivessem dentro de um dos campos, como se pudessem ter nele qualquer acção!

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