Immanuel Kant (1724/1804)
"Será sempre desconcertante... que as gerações anteriores pareçam ter-se sacrificado apenas para proveito das gerações futuras...e que só a última tenha a felicidade de morar no edifício [acabado]"
Immanuel Kant (citado por Hannah Arendt in "Entre o Passado e o Futuro")
Arendt explica esta ideia em termos de "fuga da política em direcção à história", como fuga para o "todo", "uma fuga instigada pela ausência de sentido do particular", no contexto duma crise geral da tradição. A Idade Moderna, ao transferir o seu interesse para a História, ao mesmo tempo abandonaria a antiga crença na "superioridade da acção sobre a contemplação."
A crença na História, na sua racionalidade imanente, faz-nos tornar ao fatalismo do que "está escrito". Os acontecimentos e as acções individuais só ganham sentido no Livro que se há-de imprimir, conforme o que já se encontra escrito nos rolos da Arca da Razão.
Parece, contudo, que mais recentemente o pensamento desconcertante do filósofo de Köenigsberg passou ele próprio à história.
As gerações futuras são demasiado abstractas para inspirar mais do que retóricas exortações à responsabilidade. Em qualquer caso, já ninguém transfere a felicidade para o futuro desconhecido. E é mais provável que as gerações anteriores prefiram empurrar os problemas para as que vêm depois, aliviando os pruridos de consciência com a crença no progresso científico.
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