sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

ESTETAS DO VAZIO



"Segundo Broch, o verdadeiro poder de sedução, a força sedutora da figura do Demónio é antes de mais um fenómeno estético. Estético no sentido mais amplo do termo; os homens de negócios cujo credo é "Negócios são negócios" e os estadistas que proclamam "A guerra é a guerra" são literatos estetizantes no "vazio de valores". São estetas na medida em que a harmonia do seu próprio sistema os encanta, e tornam-se assassinos porque estão dispostos a sacrificar tudo a essa harmonia, a essa "bela" coerência."

"Homens em tempos sombrios" (Hannah Arendt)


É pelo alto que o homem se perde ou se salva. Não se espere do homem terroso, com os pés bem plantados ou do "casado, fútil, quotidiano e tributável" qualquer arremedo de voo lucífero.

Não, é o melhor do homem que escolhe a perdição. Talvez seja esse o sentido da figura do anjo. De súbito, das hierarquias aladas cai o que estava mais próximo de Deus.

Encontramos facilmente esse homem numa discussão sobre a justiça. Ele quere-la geométrica e universal, sem resto, sem sombra de pecado. É um esteta que não podendo já recorrer ao mundo platónico dos valores pretende "a sacrificar a vida humana ao mundo, ou seja, a algo terreno que de qualquer forma está destinado a morrer. " (ibidem)

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