(detalhe dos frescos da Capela Sistina)
"(...) sentado em vetustíssimos fólios, com os flocos das infinitas barbas por sobre resmas de folhetos, brochuras, gazetas e catálogos, o Altíssimo lia. A fronte super-divina que concebera o Mundo pousava sobre a mão super-forte que o Mundo criara, e o Criador lia e sorria."
"A Cidade e as Serras" (Eça de Queirós)
O serrano imagina um mundo convertido aos livros, feito de páginas impressas embrulhando a natureza, e que, no seu assalto à Criação, o livro atingira o próprio Criador que lê, sorrindo, o filósofo que mais fez pela separação entre Ele e a Igreja.
A crítica de Zé Fernandes ao estado do mundo assume a forma duma mania, em que os males da Civilização se incorporam no conhecimento, que não podemos limitar chamando-lhe livresco, visto que, aos olhos da personagem, todo o conhecimento é culpado dum desvio da natureza e da simplicidade.
Assim, Jacinto regressa ao seu país natal, pela mão do ingénuo companheiro, transformado num discípulo de Rousseau e da tese do "bom selvagem".
E se o Deus de Zé Fernandes acha graça a Voltaire é porque também Ele precisa da cura de Tormes.
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