domingo, 4 de janeiro de 2009

ENCLAVES


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"Não quer dizer que o caso esteja perdido, nada disso, ou pelo menos não há nenhuma razão decisiva para supor tal coisa, é só que uma pessoa já não sabe mais nada sobre o caso e ninguém lhe dirá nada do que acontece."

"O Processo" (Joseph Kafka)


Esta situação de angustiante falta de controle do indivíduo sobre o que a sociedade lhe pode infligir, já nem em função da sua culpa, pois, como no caso de K. o indivíduo não tem consciência de ter infringido lei alguma, mas pelo efeito do que se poderia chamar uma pletora administrativa, cuja lógica não se pode perceber porque já não tem a ver com a razão humana, é uma situação de que não estão livres as sociedades democráticas.

Talvez que a teoria dos sistemas possa projectar alguma luz sobre estes enclaves kafkianos numa sociedade aberta.

De facto, a democracia, como qualquer sistema político, é relativamente autónoma em relação a outros sistemas e subsistemas que podem ser impermeáveis à semântica democrática.

Nem é preciso falar das sociedades secretas, visto que a função policial e, por exemplo, o combate ao terrorismo impõem uma lógica que nada tem a ver com a democracia.

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