"A emergência da psicanálise é muitas vezes explicada, principalmente na América, como uma reacção à 'repressão sexual vitoriana'. Talvez existisse essa 'repressão' na América, mas é duvidoso que tal fenómeno existisse na Inglaterra, a não ser durante breves anos. Não existia na Áustria onde o jovem Sigmund Freud cresceu e começou a praticar. Pelo contrário, a Viena do fim do século XIX era sexualmente permissiva e o sexo florescia abertamente em toda a parte."
"Memórias de um economista" (Peter Drucker)
Eis um dos mitos "freudianos" que denuncia este espectador (bystander), como gosta de se chamar o papa do management, nas suas memórias, evocando a sua Viena natal.
A ansiedade sexual das mulheres da classe média, sobretudo judias, que procuravam o nº 19 da Berggasse Strasse, devia-se, não a uma repressão actual, mas a uma drástica mudança dos costumes, a uma grande abertura sexual com que essas mulheres, dadas as suas raízes culturais, não sabiam como lidar.
Talvez que a conclusão a tirar desta correcção dos factos, segundo Drucker, seja a de que a libertação, neste caso, em relação aos preconceitos sobre o sexo, é menos o produto das ideias revolucionárias do que da nova moral e dos novos comportamentos a que essas ideias vêm dar, post factum, a forma consciente.
Pense-se no papel dos contraceptivos na actualização das ideias de libertação sexual que, sem eles, não produziriam a mudança dos costumes.
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