"The goldfish" (Paul Klee)
"Mas a interrogação da pintura visa, em todo o caso, essa génese secreta e fervorosa das coisas no nosso corpo.
Não se trata, portanto, da pergunta daquele que sabe àquele que ignora, a pergunta do professor primário. É a interrogação daquele que não sabe a uma visão que sabe tudo, que nós não fazemos, que se faz em nós."
"O olho e o espírito" (Merleau-Ponty)
Klee, no mesmo sentido, acredita que a função do pintor não é trespassar o universo, mas ser por ele trespassado. Como a antiga pítia se entregava a uma espécie de transe para exprimir, através do seu corpo, os rumores do mundo.
O pintor mediúnico é apenas uma das possibilidades da pintura. Mas talvez que "conceptuais" como Magritte, por exemplo, estejam na fronteira entre a escrita e a pintura.
Cézanne, ele próprio, não foi de início que "desarmou" a percepção. A sua passagem pelo geometrismo significa isso mesmo.
E o que é esta visão que tudo sabe, de que nos fala Merleau-Ponty? Não é o sujeito, nem o inconsciente freudiano. A ideia é a de que nós somos a mónada do universo que queremos interrogar pela pintura.
O filósofo emprega este verbo em vez de representar, porque como se poderia representar o que é captado para lá da percepção? O modelo da pergunta e da resposta, por outro lado, permite-nos pensar num (re)encontro.
0 comentários:
Enviar um comentário