quinta-feira, 25 de setembro de 2008

QUANDO A LÓGICA SOCORRE A INCONSISTÊNCIA


"Cubic space division" (M.C. Escher)


"A formulação de princípios baseados na prova lógica de erros, por isso, pode servir à pretensão de que a unidade existe onde as regras mudaram, no decurso do tempo, isto é, à apresentação da inconsistência como consistência."

"Niklas Luhmann's Theory of Politics and Law" (Michael King e Chris Thornhill)


Na teoria dos sistemas de Luhmann, a lógica serve, pois, para tornar possível a prova dos erros.

Uma vez que na sociedade moderna os "argumentos legais não podem ser fundados em leis naturais, verdades universais ou mesmo na racionalidade", a consequência é a de que não existe realmente fundamento ab extra, fora do sistema, embora seja vital para este apresentar-se ( a si mesmo e ao seu ambiente) como estabelecido sobre a base mais sólida e indiscutível possível.

Esta necessidade de ilusão e de camuflagem de todos os sistemas, e não só da lei, parece provir do facto de, no essencial, a sociedade moderna continuar a ser a sociedade de Deus e das verdades universais, entretanto destituídos ao nível das mentalidades e da especulação teórica.

O que faltará então para que os sistemas possam prescindir da sua legitimação e passarem a ser julgados, por exemplo, pela sua eficácia?

Mas aí é que está o problema. Os sistemas dispensam um critério acima deles (de facto, não poderiam funcionar se fossem por ele regidos) e o facto de funcionarem é a única medida da sua eficácia (com "alienação" e tudo).

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