segunda-feira, 1 de setembro de 2008

O ZEN E A DIALÉCTICA


Jardim Zen

"A Via perfeita não conhece nenhuma dificuldade,
a não ser que ela se recusa toda a preferência."

Tao-hsin


Simone Weil citava este poema e o pensamento Zen de que a afirmação e a negação correspondem a uma visão parcial, competindo ao homem justo apreender a unidade dos contrários, sem se fixar no bem e no mal.

Encontra-se aqui, talvez, uma das raízes do que, numa fase tardia do pensamento weiliano, se assemelha tanto com o quietismo e a passividade.

O seu próprio conceito de "attente" (hupomone, no sentido de paciência perseverante) é uma recusa de escolher, de dar um passo sem se sentir "chamada".

E essa é uma das mais surpreendentes viragens numa vida activa, feita de tomadas de posição, no campo sindical e político, e de testemunhos de compaixão por todas as formas de injustiça, por mais longínquas, no espaço ou no tempo.

Esta doutrina da unidade dos contrários foi, como se sabe, um dos pilares do hegelianismo "vulgar". E a síntese no movimento dialéctico é perfeitamente compatível com o fatalismo e a passividade.

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