domingo, 7 de setembro de 2008

A INVENÇÃO DO MUNDO



"Se se tomar a perspectiva cínica, a lei podia muito bem ser vista como construindo um mundo inventado que simplifica 'realidades' psicológicas, políticas, económicas e outras de modo a permitir-lhe rejeitar todo o conhecimento que ameace a validade das suas comunicações normativas."

"Niklas Luhmann's Theory of Politics and Law" (Michael King e Chris Thornhill)


O único modo de enfrentarmos a complexidade do mundo ou duma situação concreta é abstrairmo-nos de tudo o que não é pertinente em relação aos nossos motivos e à nossa capacidade de apreensão.

De facto, os nossos órgãos, tanto quanto a nossa inteligência, constroem um mundo, à escala humana, a partir do aparente caos da realidade que não é senão uma sobreposição de ordens a que não temos acesso, nem precisamos de conhecer.

Não é só o sistema legal que tem de vigiar a validade das suas "comunicações", rejeitando tudo o que não faz parte da sua primeira separação entre o legal e não-legal.

Em princípio, tudo o que põe em causa as nossas referências existenciais, se quisermos, a nossa visão essencial do mundo, é censurado ou treslido, de modo a preservar a nossa integridade.

É por isso que as verdades fora de tempo não nos transformam.

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