Paul Cézanne: "Rocky Landscape at Aix"
"É, portanto, juntos que se deve procurar o espaço e o conteúdo, o problema generaliza-se, já não é apenas o da distância, da linha e da forma, é também o da cor.
Ela é o lugar onde o nosso cérebro e o universo se reúnem, diz ele (Cézanne), nessa admirável linguagem de artesão do Ser que Klee gostava de citar."
"O olho e o espírito" (Merleau-Ponty)
Aquela conclusiva segue-se a um comentário sobre a experiência pré-cubista de Cézanne. As formas geométricas são "demasiado grandes" para as coisas, não dão conta da sua variedade.
Mas, então, nesse espaço "as coisas começam a mexer-se cor contra cor, a modelar-se na instabilidade."
As cores (não o "simulacro das cores da natureza") tornam-se, assim, a cifra da materialidade. Pois não é o universo que, nesses sinais, nessas gradações pré-geométricas, se apresenta. Eles são um eco distante das vozes do não-humano. Por isso, o nosso cérebro, de facto, encontra-se a si mesmo, através da natureza.
E tem razão a psicanálise ao relevar a significação dos sonhos. Sem mundo, não haveria sonho para interpretar.
As cores, na pintura, são os hieróglifos desse sonho.
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