domingo, 21 de setembro de 2008

O RAIO VERDE


"O Raio Verde" (1986-Eric Rohmer)



Delfine (Marie Rivière) é uma fatalista. Acredita que não pode contrariar a sorte que a condena à solidão.

No seu caminho, surgem-lhe sempre sinais de como as coisas têm de correr no futuro. Uma carta virada é afinal a dama de espadas que ela julga anunciar sempre o pior.

Considerando-se, à partida, infeliz e desinteressante para o sexo oposto, vai cortando todas as pontes que um ou outro rapaz, apesar de tudo, lhe lança.

A sua sorte muda quando encontra outra carta, mas desta vez, com a dama de ouros. Logo a seguir surpreende num grupo uma conversa sobre um romance de Júlio Verne ( "O Raio Verde"). Fica a saber que o último raio do sol quando desaparece no horizonte, se as condições atmosféricas forem favoráveis, tem essa cor. Além disso, supõe-se que quem o vir pode ler no coração de outra pessoa.

Sob tão favoráveis auspícios, Delfine atreve-se a sair da sua passividade e a forçar um pouco as coisas com um rapaz que espera o comboio para Saint Jean-de-Luz e que começa a conversa confiando-lhe ter lido já o livro que ela tem nas mãos: "O idiota", de Dostoiewski.

Claro que o final só pode passar-se diante do sol posto e do raio verde.

Delfine não era, felizmente para ela, do tipo de fatalista que se fecha aos novos sinais que podem significar uma mudança da sorte. Nesse sentido, era, alternadamente, pessimista ou optimista, que é melhor do que decretar que nada tem remédio.

0 comentários: