Toru Takemitsu
Gosto de “Ran”, o Rei Lear de Kurosawa. Mas gosto ainda mais da música (Toru Takemitsu). Do hieratismo daqueles sons teatrais, do silvo dos violinos, dos estalidos da percussão. E quando a orquestra irrompe e as cenas de batalha são o único contraponto ao doce desespero da melodia, parece que é tudo um sonho, o som e a fúria.
No cinema, já vi outras batalhas a quebrarem-se no silêncio. Mas esta música instala a distância dum mundo que se perde, no incompreensível e na impotência.
Como a arte migra com o olhar e a paisagem, se oiço esta música ao volante, já não me parece que um mundo acabou, mas que é a estrada que se transfigura em indefinida nostalgia.
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