sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

O CORPO MARCADO

Maria Schneider (1952/2011)



A sua vida mudou com uma cena que não constava do script e que, segundo ela, lhe foi submetida no momento da filmagem. Marlon teria tido a ideia da manteiga  e Bertolucci, com olho comercial, não menos do que de vanguardista, não deixou fugir a oportunidade.

Claro que o filme se tornou popular só por causa do escândalo, mas foi também o símbolo duma mudança de costumes. Acaso nos escandalizamos com o totalmente estranho?

A actriz, filha de Daniel Gélin (que terá enjeitado a paternidade) e duma modelo romena, tornou-se, dum dia para o outro, um objecto de prostituição “sagrada”, ao ponto de procurar refúgio na droga e ter tentado o suicídio. Nunca mais quis filmar o corpo “marcado” por aquela cena.

Ao contrário duma Marilyn Monroe, por exemplo, que pôde simbolizar o desejo de tantos homens, por não poder ser associada a nenhuma “fantasia” explícita nem a nenhum tabu infringido, Maria Schneider viu-se, com 20 anos, no papel da vítima propiciatória, como o animal sacrificado que a divindade implacável exige para expiar a “transgressão”.

Maria Schneider morreu ontem, em Paris, com 58 anos.

1 comentários:

Anónimo disse...

Não vi esse filme e fiquei sem vontade nenhuma de o ver.

Maria Helena