sábado, 12 de fevereiro de 2011

TUDO É OUTRA COISA

"Shutter Island" (2010-Martin Scorcese)



“Minha cabeça estremece com todo o esquecimento.
Eu procuro dizer como tudo é outra coisa.”

“Poemacto”  (Herberto Helder)


São apaixonantes os filmes em que o protagonista, depois de muitas peripécias, acaba por perceber que estava no filme errado e que o seu mundo ficou virado do avesso.

Veja-se “Shutter Island”, por exemplo. Nós vivemos todas as alucinações de Teddy Daniels (Leonardo DiCaprio) como se fosse a única história, quando há uma última versão que é a do mundo que julga a sua insanidade mental.

Mas o cinema é apenas um caso. E todos nos “convertemos” ao longo da vida noutra personagem que conta a nossa história doutra maneira. A revelação é o processo que nos faz avançar no labirinto das narrações, e quase todos podem lembrar-se dum encontro, duma cena vivida ou dum livro que mostraram que “tudo era outra coisa”.

Aquele que pudesse olhar-nos da plataforma de Arquimedes provavelmente não seria capaz de contar nenhuma história, porque estaria fora do contexto das nossas ilusões.


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