"Shutter Island" (2010-Martin Scorcese) |
“Minha
cabeça estremece com todo o esquecimento.
Eu
procuro dizer como tudo é outra coisa.”
“Poemacto” (Herberto Helder)
São apaixonantes os
filmes em que o protagonista, depois de muitas peripécias, acaba por perceber
que estava no filme errado e que o seu mundo ficou virado do avesso.
Veja-se “Shutter
Island”, por exemplo. Nós vivemos todas as alucinações de Teddy Daniels
(Leonardo DiCaprio) como se fosse a única história, quando há uma última versão
que é a do mundo que julga a sua insanidade mental.
Mas o cinema é apenas
um caso. E todos nos “convertemos” ao longo da vida noutra personagem que conta
a nossa história doutra maneira. A revelação é o processo que nos faz avançar
no labirinto das narrações, e quase todos podem lembrar-se dum encontro, duma
cena vivida ou dum livro que mostraram que “tudo era outra coisa”.
Aquele que pudesse
olhar-nos da plataforma de Arquimedes provavelmente não seria capaz de contar
nenhuma história, porque estaria fora do contexto das nossas ilusões.
0 comentários:
Enviar um comentário