sábado, 19 de fevereiro de 2011

IDOLATRIA

Clemente de Alexandria



“Clemente de Alexandria (c.150/215) acreditava que a ideia filosófica de um cosmos eterno era idólatra, porque apresentava a natureza como um segundo deus co-eterno.”


(“The case for God” (Karen Armstrong)



O infinito e a eternidade, para nós mortais, são incompreensíveis (em ambos os sentidos da palavra) porque, como Kant demonstrou, nem sequer podemos dizer que o mundo teve um começo e qual é o tamanho dele.

São palavras que fazem parte do nosso mundo mas são ainda mais “contra-intuitivas” do que a ideia dos triliões de dólares da dívida pública americana. Embora as possamos utilizar todos os dias, podemos “concebê-las”, mas não, realmente, compreendê-las. São como todos os “omni” atribuídos a Deus.

O infinito e a eternidade aplicadas ao universo “resolvem” muitos dos problemas que nos colocamos (por exemplo, o que é que havia antes do Big Bang ou de qualquer outra teoria do começo de tudo), mas é da mesma maneira que a ideia de Deus põe “uma pedra sobre o assunto”. E, como se sabe, tudo começa pela primeira pedra, até as barragens.

Tinha toda a razão Clemente de Alexandria. Todos nós somos crentes (na sua opinião, idólatras) em relação ao que aparece com a beleza duma noite estrelada.

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