Cardeal Richelieu ( 1585/1642) |
“Depois
do assassinato de Henrique IV, uma criança de doze anos foi executada por ter
dito publicamente que faria o mesmo ao pequeno Luís XIII. Richelieu começou a
sua carreira por um discurso em que pedia ao clero que proclamasse a danação de
todos os regicidas; dava como motivo que aqueles que alimentavam este desígnio
estavam animados dum entusiasmo por de mais fanático para serem contidos por
qualquer pena temporal.”
“L’Enracinement”
(Simone Weil)
O Inferno, como
castigo temporário (afinal somos simples mortais), pode ser uma ideia moral.
Como pena para a eternidade é uma ideia de polícia, demasiado útil, quando credível,
para poder ser dispensada por um homem na posição de Richelieu.
O medo a incutir era
à medida do ódio recalcado contra o despotismo e os impostos arbitrários. “Durante todo este período, (o povo francês)
foi olhado pelos outros europeus como o povo escravo por excelência, o povo que
estava à mercê do seu soberano como o gado.” (ibidem)
A falta que o Inferno
fez a Mubarak, Ben Ali e quejandos!
E a falta que um
ditador faz à chamada “geração parva”…
Tanto como o medo dos
suplícios eternos ou, simplesmente, da morte ou do cárcere, a ideia dum sistema
sem alternativas pode ser de boa polícia. Muito mais eficaz, de resto, por não
ser tão vulnerável à incredulidade profana, visto que é moderna e pode esconder os seus motivos na
complexidade do mundo de hoje.
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