Um segundo grau do
cinema está sempre presente nos filmes dos irmãos Cohen. As citações cinéfilas abundam,
desde “Cat Ballou”(1965-Elliot Silverstein)
a “Buffalo Bill and the Indians” (1976-Robert
Altman), “True Grit” é um remake
da obra homónima de Henry Hathaway (1969) e, apesar disso, estamos diante duma
obra original, se não de um estilo que deixa a sua marca dum filme para o
outro.
Uma das
características cohenianas é, naturalmente, a violência (nos piores exemplos quase
estética), outra é a qualidade gráfica dos ambientes. A violência, como “atributo
simbólico” (assim como a maça de Hércules) é essencial para a personagem de
Rooster (Jeff Bridges), com o seu contraponto irónico que não chega ao delírio
de Lee Marvin, em “Cat Ballou”. É uma violência que interrompe a narrativa (por
exemplo, na cena da cabana), como se nesse momento, o nosso estatuto de
espectadores ficasse em causa. Rooster dará, noutra altura, uma explicação a
Mattie (Hailee Steinfeld), a rapariga que o contratou para vingar o pai
assassinado, do que se passou quando defrontou sete sozinho: a fúria e a
rapidez do ataque fez com que cada um deixasse de se sentir acompanhado e em
vantagem numérica para pensar só em si próprio.
Os exteriores são
magnificamente filmados, valorizando sempre o contraste entre o homem e a
paisagem, e as elipses que dão conta da passagem do tempo, exímias. Mas fica-se
com a sensação, depois de tudo, de termos visto um exercício de virtuosismo que
vive sobretudo da figura interpretada por Jeff Bridges. Imagine-se, por um
momento, que tivesse havido aí um erro de “casting”: o filme não se salvava dum
“neo-academismo”.
1 comentários:
Não vi e nem sei se vou ver, mas estou em pulgas para ler uma apreciação sua do filme do Woody Allen, confesso!
Espero que não o perca e que aqui ou noutro lado diga alguma coisa.
Maria Helena
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