domingo, 20 de fevereiro de 2011

GARRA



Um segundo grau do cinema está sempre presente nos filmes dos irmãos Cohen. As citações cinéfilas abundam, desde “Cat Ballou”(1965-Elliot Silverstein)   a “Buffalo Bill and the Indians” (1976-Robert Altman), “True Grit” é um remake da obra homónima de Henry Hathaway (1969) e, apesar disso, estamos diante duma obra original, se não de um estilo que deixa a sua marca dum filme para o outro.

Uma das características cohenianas é, naturalmente, a violência (nos piores exemplos quase estética), outra é a qualidade gráfica dos ambientes. A violência, como “atributo simbólico” (assim como a maça de Hércules) é essencial para a personagem de Rooster (Jeff Bridges), com o seu contraponto irónico que não chega ao delírio de Lee Marvin, em “Cat Ballou”. É uma violência que interrompe a narrativa (por exemplo, na cena da cabana), como se nesse momento, o nosso estatuto de espectadores ficasse em causa. Rooster dará, noutra altura, uma explicação a Mattie (Hailee Steinfeld), a rapariga que o contratou para vingar o pai assassinado, do que se passou quando defrontou sete sozinho: a fúria e a rapidez do ataque fez com que cada um deixasse de se sentir acompanhado e em vantagem numérica para pensar só em si próprio.

Os exteriores são magnificamente filmados, valorizando sempre o contraste entre o homem e a paisagem, e as elipses que dão conta da passagem do tempo, exímias. Mas fica-se com a sensação, depois de tudo, de termos visto um exercício de virtuosismo que vive sobretudo da figura interpretada por Jeff Bridges. Imagine-se, por um momento, que tivesse havido aí um erro de “casting”: o filme não se salvava dum “neo-academismo”.

1 comentários:

Anónimo disse...

Não vi e nem sei se vou ver, mas estou em pulgas para ler uma apreciação sua do filme do Woody Allen, confesso!
Espero que não o perca e que aqui ou noutro lado diga alguma coisa.

Maria Helena