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"E as outras paixões podem servir para que nos apercebamos das coisas que parecem boas ou más, mas só temos a admiração para aquelas que parecem apenas raras. É por isso que vemos que aqueles que não têm qualquer inclinação natural para esta paixão são normalmente muito ignorantes."
"Les passions de l'âme" (René Descartes)
Que não suceda com a admiração, segundo Descartes, "nenhuma alteração no coração, nem no sangue", porque é uma "surpresa da alma", quase que a desqualifica entre as seis que enumera o filósofo (com ela, o amor, o ódio, o desejo, a alegria e a tristeza), pois todas as outras são "sofridas" pelo "cocheiro da alma", para empregar a expressão platónica, que às vezes experimenta grandes dificuldades em "segurar os cavalos". Mas imaginemos alguém que não fosse capaz de aprender com a experiência e para quem tudo fosse novidade e causa de admiração. Não há dúvida que, aqui, o sujeito seria muito pouco activo, limitando-se, as mais das vezes, a "sofrer" os acontecimentos.
Donde se pode concluir que a admiração não é uma paixão política, porque, na acção, justamente, os que não se admiram com nada são mais seguros e determinados do que os outros. Na mesma medida, e como diz Descartes, são mais ignorantes. O que explica por que se enganam tanto.
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